quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Heiligabend

Dia 24 de dezembro. Data da noite santa (Heiligabend). A ceia será com amigos. Vou preparar o creme de abóbora e a salada. Os pratos principais e a sobremesa estao por conta de outras pessoas, ainda bem! Depois da ceia a jornada rumo ao Brasil inicia. Cerca de 33 horas até Santa Maria. Mala quase fechada. Penso o que mudou desde a última ida para o Brasil. Nao sei se consigo responder. A idade pelo menos já é outra. Isso mudou com certeza. Um abraco para todos. Feliz Natal e uma ótima entrada em 2009!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Darcy Ribeiro e o povo brasileiro

Chega um momento da vivência no exterior que depois de tanto sermos questionado sobre nossas origens culturais, nos voltamos avidamente para nosso próprio país. Por que nao somos pontuais? Qual é a minha relacao com o clima tropical? De onde sai esse nosso sincretismo religioso? O que é desenvolvimento para nós? De onde surgiu tanta desigualdade?

Essas sao algumas das questoes que vao e voltam na nossa cabeca. Enfim, sempre há esses momentos em que pensamos o Brasil e nossa gente. E para ajudar nessa reflexao nada melhor do que a companhia de Darcy Ribeiro. Para quem já leu o livro ou viu o documentário "O povo brasileiro", segue o link de uma outra referência: a I parte (sao duas) do documentário "Interprétes do Brasil - Darcy Ribeiro". Um passeio ligeiro mas gostoso pela obra deste grande pensador do nosso país. Boa leitura e um feliz natal quase a caminho do Brasil!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Reducao de emissoes de CO2 na Uniao Européia

Neste momento em que só leio e escrevo, compartilho com vocês uma coluna de George Monbiot sobre a posicao de Angela Merkel em relacao às metas de reducao de gases de efeito estufa dos países da Uniao Européia até 2020. Bom texto: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2008/dec/12/greenpolitics-poznan

Nao sei se este asssunto interessa para quem lê o blog, de qualquer forma segue mais um link explicando o contexto do pacote climático da Uniao Européia: http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7765094.stm

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dias de inverno

Descobri que nao houve inverno no ano passado em Freiburg. Era apenas uma preparacao para o inverno de verdade que só veio este ano. No final de novembro, teve um dia de neve de verdade. Dava até para fazer boneco neve na cidade e nao só na Floresta Negra. Tivemos neve com chuva também nesta semana e os dias como vocês podem imaginar andam bem gelados. Curiosamente, o inverno nao está me incomodando tanto quanto eu imaginava. Bem menos do que no ano passado. Apenas a troca de estacao de verao para outono foi difícil. Agora parece que já estou conformada com os dias curtos e o vento gelado na orelha quando ando de bicicleta. Seguem umas fotos abaixo para vocês curtirem um pouco do branco da estacao.


Janela do meu quarto hoje às 4h da tarde


Noite para brincar na neve


Floresta negra vista do meu quarto

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pensando, pensando...

Acabo de ler um texto, o último capítulo do livro Institutions and the Environment de Arild Vatn. Estou ainda estado de consternacao pela lucidez que ele trata uma das questoes que mais me preocupa: nosso modelo de crescimento e suas implicacoes.

Em tempos que a maior parte das TVs na Alemanha só fala sobre a quantidade de empregos cortados na indústria automobilística e mostra a reducao do consumo como um grande problema para a economia, me pergunto cada vez mais onde está a solucao? Maior crescimento material gerado gera inevitavelmente processo mais acelerado de degradacao ambiental. Melhoria na eficiência da producao acaba sendo equalizada por crescente producao e consumo. E entao vem o dilema como mudar a lógica de crescimento material fazendo a economia continuar andando? Ele deposita suas esperancas na capacidade da humanidade em criar instituicoes até entao nao vistas. No final Vatn deixa a objetividade científica de lado e encerra o livro com uma reflexao pessoal, que achei interessante divido abaixo com vocês.

"If it was possible to buy 'nothing', I thought. If I could buy 50 square feet of no thing, I could secure some space that was free of all this useless material they call things. Certainly, if nothing was on a wall you could say: 'Something should be put there. We cannot just leave it.' Then I could answer: ' Well, it isn't just left. No thing is already there'. I could even go on and claim the right to this 'no thing' since I had bought it. What a marvellous idea, I thought! Then business and environment could thrive together. Business could make profits from making no thing. It would be really cheap, too. It would come in different colours and it could be sold under various brands. Competition could be mantained. What a fortune for creativity! What a challenge for marketing! And I would be happy since at present producing more of this thing called 'no thing' would be about the best the system could offer to the future." (Arild Vatn, 2005)

domingo, 16 de novembro de 2008

O inverno batendo na porta, na janela... em todo lado

Ouvi hoje de manha no rádio que as temperaturas deverao cair nesta semana. Previsao de chuva e frio. Sexta-feira já deve ser inverno, disseram. Esse ano resolvi me preparar melhor para a estacao gelada. Desde consertar a bicicleta (luz, roda etc...) até comprar um novo par de luvas e uma capa de chuva especial para bicicleta.

Também me matriculei numa academia de ginástica para sair um pouco da rotina casa/universidade. E, acima de tudo, resolvi nao comprar o ticket do semestre do bonde. Vou continuar vivendo de bicicleta! Essas sao as medidas anti tristeza de inverno ou como disse uma amiga brasileira: "a gente nao pode deixar a peteca cair". É isso aí!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Louca por feira Ltda.

Do meu encanto por livrarias e cafés, eu já sabia. A surpresa nos últimos anos foi um crescente interesse por feiras. Existe algo nas trocas e nas relacoes que ali se estabelecem que me chama atencao. Nao sei se é a disposicao dos livros usados, o colorido dos legumes e frutas disputando nossa atencao ou se sao os vendedores e compradores, pessoas mais reais que um shopping poderia oferecer. Seja qual for a razao, sei que gosto de feiras. Da Benedito Calixto em Sao Paulo ao Münsterplatz Market (Mercado da Praca da Catedral) em Freiburg.

E nessa história de feiras, visitei, às vezes por coincidência outras recorrente interesse, umas quantas nos últimos meses. O Naschmarket (alimentos, comidas étnicas e um pouco mais) em Viena, o Great Market Hall em Budapest (alimentos, bebidas, bordados e outros suvenirs), o Borought Market (alimentos selecionados e até suco de acaí!) embaixo da London Brigde em Londres e os tradicionais Camden Market (roupas super alternativas) e Portobello Market (antiguidades, alimentos e roupas) também na mesma cidade.

Em Portobello, no bairro de Notting Hill, vi o mercado dessa vez com olhos mais atentos para os detalhes do que na época em que morei em Londres com 20 anos. Seguem entao algumas fotos do Portobello com um pouco da riqueza visual que os mercados nos presenteam. E para quem gosta de mercados como eu e talvez passe por Londres, descobri por acaso esse site que traz a localizacao de todos os principais mercados da cidade. O Brick Lane eu ouvi dizer que é bem interessante.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fazendinha em Londres

No meu último fim-de-semana em Londres quis fugir da publicidade convidando a comprar em todo lugar. Lembrando que meu estágio era sobre consumo. Saí entao da estacao de metrô de Inslington acompanhada pelo meu guarda-chuva para encontrar a Freightliners Farm. Demorou pelos menos uns 20 minutos. Meu mapa mental nao anda apurado, mas acabei chegando. Lá estava a pequena fazenda urbana com o portao aberto, ninguém para controlar a entrada livre e uma aparência de quintal de casa.

Esperava ver uma feirinha de produtos orgânicos, mas havia só duas barraquinhas vendendo em vez de legumes e frutas, brinquedos de plástico. Talvez foi a chuva, talvez foi o horário. Enfim, sei que a falta da feira nao atrapalhou em nada meu passeio. Adorei ficar por ali observando os animais, alimentando os cabritos, olhando um viveiro. E o melhor de tudo sem ser interrompida por ninguém, nem me sentir turista em um tour sobre a vida no campo. De placas explicativas, só as necessárias para visitas educativas.

Também vi pessoas trabalhando, que por sinal é o propósito da Freightliners Farm - mostrar o funcionamento de uma fazenda para quem vive na cidade. Havia criancas correndo também. Acho que estava comecando uma festa de aniversário. Fiquei pensando que alegria deve ser para uma crianca criada em Londres poder alimentar um cabrito. Se até eu me diverti, imagina eles.

Abaixo seguem umas fotos da fazendinha, silencioso refúgio no meio de Londres. Nao experimentei o café. Faltava um livro para ler. Fica para a próxima vez.


Um portao na Freightliners


Porco grandao


Cabra ou bode?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

E por falar no poetinha...

lembrei da Poetry Library, guardada no final de um corredor no quinto andar do Royal Festival Hall em Londres. Localizacao tímida, mas acervo promissor: 100 mil exemplares dedicados à poesia. uma secao para criancas e os eventos com leitura parecem bons.

Encontrei num domingo de sol em agosto após perder um concerto de gospel no primeiro andar do prédio. http://www.poetrylibrary.org.uk/


Biblioteca da Poesia

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Uma música que seja

"... como os mais belos harmôniocos da natureza. Uma música que seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta ascendente para o infinito. Uma música que comece sem comeco e termine sem fim. Uma música que seja como o som do vento na enorme harpa plantada no deserto. Uma música que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos das grandes árvores vergastadas pelos temporais. Uma música que seja como o ponto de reuniao de muitas vozes em busca de uma harmonia nova. Uma música que seja como um vôo de uma gaivota numa aurora de novos sons..." (Vinicius de Moraes)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ainda algum leitor por aí?

Literalmente o blog tirou quase dois meses de férias enquanto eu faco meus estágios. Para nao deixá-lo mofando vou tentar atualizá-los com notícias nos próximos dias. Entao a primeira notícia velha (parece pao dormido) é sobre a minha viagem à Irlanda para comemorar meu aniversário no final de agosto.

Fui visitar minha amiga Melissa, que está morando em Dublin há 1 ano e meio. Aproveitamos o bank holiday que caiu na segunda-feira do meu aniversário e curtimos bem o feriadao. Dublin é uma cidade bastante aconchegante. Fica na costa. É cortada pelo rio Liffey e tem em seu currículo o escritor James Joyce.

As pessoas, como a Melissa havia contado, sao extremamente atenciosas. No único dia de sol lá, fomos passear no Phoenix Park, o maior parque da cidade. Na saída do ônibus uma senhora de idade usando uma bengala olha para nós e diz: "Enjoy the day girls! It's sunny!". Nao lembro quando foi a última vez que uma pessoa na rua disse algo tao acolhedor. Enfim essa é atmosfera que vivi em Dublin e no vilarejo de pescadores onde fiquei hospedada na casa do Ramón, amigo da Melissa. Howth, o nome da vila, fica ao norte de Dublin e tem uma vista belíssima.

Em relacao aos pontos negativos da cidade estao o transporte público e o sistema de saúde. Nao há metrô e os ônibus tem horários limitados de funcionamento. Sobre saúde, pelo que a Melissa explicou, nao é de boa qualidade e sobretudo é apenas privada. Sobre os estrangeiros, há muitos na cidade. Especialmente da europa central e leste. Brasileiros também. É possível ouvir português em qualquer parte. Na ida para o aeroporto, o comentário do taxista resume um pouco do que já havia ouvido. Quando algum irlandês reclama que há muitos estrangeiros, ele responde que nao se deve reclamar pois os irlandeses também já foram imigrantes há algumas décadas, quando a Irlanda enfrentava uma situacao socioeconomica bem diferente de agora. Ele, próprio, foi com os pais ainda crianca para a Inglaterra e voltou já adulto numa época em que a economia do país se transformava.

Temple Bar - pubs e turistas


Howth - a adorável vila de pescadores

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Um táxi para Viena da Austria

Uma vez li este livro e nao lembro bem do que se trata, mas o fato é que lembrei do título no sábado em algum momento das minhas 8h30min de viagem de Freiburg para Viena. Sim, eu sei, nao mando notícias desde a metade do meu tempo na Inglaterra. Agora já estou na Austria para meu segundo estágio e continuo sem dar notícias. Até o fim desta semana vou atualizar o blog e contar para voces um pouco mais desta cidade e da minha passagem pela Irlanda. Um abraco a todos da fria, chuvosa e ainda assim charmosa Viena!

sábado, 16 de agosto de 2008

Mind The Gap

Como havia falado nos posts anteriores cheguei há uma semana em Londres para estágio de um mês. Estou trabalhando em um instituto com foco em desenvolvimento e meio ambiente. A área de atuacao deles inclui estudo de políticas e projetos na Africa e America Latina.

A chegada em Londres foi interessante. Tempo chuvoso, pessoas das mais diversas etnias nas ruas e a sensacao de entender tudo o que as pessoas falavam comigo. Também foi engracado ir reconhecendo na entrada lugares por onde já andei. E depois saber exatamente meu caminho na estacao de trem/metrô. Até mesmo o simples "Mind the Gap" (lembre do espaco) entre o trem e a plataforma soaram familiares.

Estou nao só de volta a Londres, como ao meu bairro aqui: Hampstead. A casa de estudantes, onde já morei, e onde agora estou continua no mesmo lugar. Fica pertinho do metro, da famosa barraquinha de crepe.

Já aproveitei um pouco da cena musical. Menos do que gostaria, por causa do meu cansaco, mas mais do que no último semestre - quando praticamente já estudei. Jazz ao vivo grátis no parque, MPB e Bossa Nova também gratuitos na segunda à noite e uma boa cerveja com alguns colegas de trabalho no fim do dia na quarta-feira.

Gostei bastante até agora do instituto. Há livros por todo lado e alguns que podem até serem comprados por funcionarios, outros publicacoes proprias gratuitas.

Mas se tem esse lado gostoso de Londres que inclui casais de idade passeando de maos dadas na rua e carregador de caixas que elogia meu sorriso, também senti falta de Freiburg. Do lixo separado para reciclar, da minha bicicleta, da vista da floresta negra que tem do meu quarto, de como as pessoas se vestem despojadas com suas mochilas e sandálias e dos meus amigos.

Fora essas observacoes estou vivendo questionamentos diários dado o tema do meu estágio: pesquisa sobre consumo e sua relacao com a degradacao dos nossos recursos etc. Curioso e dolorido estudar este assunto em uma sociedade tao abundante onde as pessoas consomem tanto. Estou vivenciando diversas reflexoes sobre o assunto. Algumas provocadas por um livro excelente que estou lendo. Assim que possível compartilho com voces. Por enquanto segue uma foto do show de jazz que assisti no último domingo no parque.


Jubilee Park
(no meio da ilha de edificios de Canary Wharf)

domingo, 10 de agosto de 2008

Freiburg no Fantástico

No fim-de-semana passado o Fantástico apresentou uma matéria sobre Freiburg. Obrigada a todos que me avisaram. Para os que nao tiveram a oportunidade de assistir, segue aqui o link para a reportagem. Amanha comeco meu estágio. Em breve escrevo com mais detalhes.

domingo, 3 de agosto de 2008

Balanco segundo semestre

Falta uma semana de aulas para acabar este meu intenso semestre. Desde que voltei do Brasil em abril, os meses passaram voando. Correria para negociar meu estágio obrigatório de férias (ou seja férias no papel), para melhorar o alemão, para aprender com os módulos e ainda viajar um pouquinho no verão. Afinal viajar no inverno não tem o mesmo gosto e as paisagens não são verdes. Enfim, no início desta última semana começo com esta sensação de missão quase cumprida da melhor maneira que pude.

Do que aprendi, posso dizer que sei um pouquinho mais sobre floresta temperada. Já consigo reconhecer um cerejeira nativa (obrigada, Björn) e dizer que ela só usada para madeira, enquanto a versão doméstica dá as frutas. Também aprendi que aqui na Floresta Negra (e em grande parte das florestas da Alemanha) existem carrapatos muito pequenos. Eles podem transmitir uma doença que pode ser fatal. Precisa de vacina, dada em três doses. Eu vou tomar a minha em novembro e ficar com protecao de 90% para o próximo verão. Desta vez continuo me virando com Autan nas nossas excursões na floresta. Duas ainda por acontecer nesta semana.

Do alemão, ontem vi um documentário sobre o Rio de Janeiro na TV. Fiquei contente que consegui entender praticamente tudo. Claro que conhecer o contexto e a fala pausada do canal ajudam muito. Mas sinto que a cada dia ganho um pouquinho mais de vocabulário e estou disposta na volta do estágio voltar e me dedicar mais ainda.

Sobre os estágios, vou deixar como surpresa. Escrevo na próxima semana da minha próxima cidade. Fico lá um mês. E para quem já acompanha as minhas andanças há algum tempo, a dica é que já morei antes nesta cidade por nove meses. Vai ser interessante revê-la e trabalhar lá em um instituto bacana. Mais notícias na próxima semana. Aguardem!

Em relação ao curso, me sinto exausta parece que minha cabeça encerrou o espaço para adquirir novos conhecimentos por algum tempo. Foi realmente impressionante a quantidade assuntos de política à economia passando por psicologia relacionados às questões ambientais. Como eles diriam ganhei uma série de frames para entender as questões de outras variadas formas.

Sobre Freiburg, acho que esse foi o semestre da adaptação. Me sinto mais adaptada à comida, à vida estudantil e já quase sinto falta da minha bicicleta na volta ao Brasil. É sempre difícil lidar com amigos partindo no fim do semestre. Mas acho que no geral deu para aproveitar bastante e até aprender algumas coisinhas na cozinha como panquecas. Nem adianta ficarem entusiasmados nao foi nada muito além disso.

Bem, desejo a todos uma ótima semana. Por aqui a minha lista de coisas ainda está grande para resolver até sexta. Torçam para que tudo dê certo e nos falamos nos próximos dias. Seguem abaixo algumas fotos variadas do semestre. Do meu jogo de futebol na festa de verão da minha residência (sim, tive que jogar de azul, a cor vermelha já tinha sido adotada por uma equipe), excursão na floresta negra minha ultima viagem de verão hoje à Basel (Suica).

Fotos na ordem:

1. Ponte sobre o Rio Reno em Basel
2. Minha turma no topo da montanha Schönberg no dia mais quente do ano
3. Time de futebol da minha casa na festa de verao da nossa residencia















quinta-feira, 24 de julho de 2008

Médico na Alemanha

Mais um post rápido enquanto o semestre não acaba. Hoje fiz a minha primeira visita a um consultório médico na Alemanha. Nos últimos dois meses meu pé esquerdo não parecia muito bem e nessa semana a minha palma da mão também começou a formar pequenas bolhas que estouram e depois ardem pra caramba.

Evitei até o último segundo ir no médico. Passei um creme, desses resolve tudo que trouxe do Brasil, e nada de melhorar. Enfim, tive que respirar fundo e sair atrás de um dermatologista. Ontem dei com a cara na porta. Cheguei nos consultórios logo depois das 18h e obviamente estavam todos fechados. Esqueci que estava na Alemanha e não no Brasil.

Mas dei sorte, pois comentei com um amigo brasileiro que precisava de um dermatologista. E ele tinha um para indicar, que ainda falava inglês. Nossa que alegria. Hoje fui ao consultório. Primeira surpresa, ele tinha horário para me atender na mesma tarde. Segunda surpresa, a experiência não foi como muitos relatos sobre consultas de convênio aqui: horas na sala de espera, minutos rápidos de consulta, algo não tão diferente de alguns médicos no Brasil. Mas enfim, fui atendida em 10 minutos. As assistentes deles foram simpáticas e o médico tinha uma calma invejável.

Perguntou de que parte do Brasil eu vinha, como estava a economia lá, se tinha família na Alemanha etc e tal. O Rafael já tinha falado que ele era muito bom e atencioso. Explicou que eu tinha alergia do pó. Fiz exame de sangue e confirmou. E para o meu azar estou na cidade com mais pó da Alemanha, onde junto com a umidade proliferam-se ácaros, que por sua vez dão origem a esta espécie de "asma da pele", como ele classificou a minha alergia.

Um remédio para passar por duas semanas e estarei bem. Se não estiver é para voltar lá. Feita primeira consulta médica na Alemanha e sem traumas. Em inglês também, porque entender detalhes em alemão eu não poderia. E quando se trata de saúde é recomendável entender 100%.

domingo, 20 de julho de 2008

Paris, Texas

Ontem tive a chance de ver um filme que há anos procurava e por uma razão ou outra não conseguia assistir. Paris, Texas de Wim Wenders (1984). Fotografia, trilha sonora e a profundidade dos personagens colocam, com certeza, este filme na lista dos meus 10 favoritos. Já tinha escrito aqui sobre outro filme do Wim Wenders - Asas do Desejo. E no mesmo post devo ter mencionado Tao Perto, tão longe e o documentário Buena Vista Social Club. Se não mencionei ficam as dicas junto com Lisbon Story, um documentário com o Madre Deus em Lisboa. Que sorte termos tão bons diretores, nos contando histórias com uma sensibilidade tão apurada. Para saber mais sobre o filme, novamente o site de Wim Wenders:
http://www.wim-wenders.com/movies/movies_spec/paristexas/paris_texas.htm

segunda-feira, 14 de julho de 2008

As cidades e os seus dilemas

Estou devendo as fotos da festa de verão aqui da minha residência. Mas como continuo com a cabeça enterrada nos livros, segue aqui um post rápido com duas notícias. Uma sobre a grande Paris e a outra sobre a grande São Paulo. Enquanto estudo bens públicos, processo político, participação pública, compartilho essas notas para nossa reflexão.

Grande Paris
Lançados os projetos para a metrópole sustentável do século 21
http://www.rfi.fr/actubr/articles/102/article_12482.asp

Grande São Paulo
Ruas se fecham, e caso acaba na Justiça: inadimplentes de bairros privados criam até associação de vítimas.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080710/not_imp203354,0.php

domingo, 6 de julho de 2008

Eurocopa 2008

Faz uma semana que a Eurocopa acabou. Ela é tão importante quanto a copa do mundo por aqui. Muitos jogos. Aqueles papeizinhos para a gente acompanhar quem está jogando e assim por diante. Na final Alemanha contra a Espanha. Tentei torcer para a Alemanha mas acabei torcendo por Portugal. No fim tinha bandeira na cara da Alemanha e depois também da Espanha, já que uma das minhas colegas de apartamento e amiga, vem de Madrid. O post é pequeno. Só para dividir algumas das imagens da final. Assisti num barzinho ao lado do rio Dreisam. E foi interessante também ver como os alemães respeitaram a vitória da Espanha. Disseram que a Espanha jogou melhor o jogo e o campeonato e mereceu. Eles mantém o aspecto racional até na derrota, não sei se conseguiria ser assim se o Brasil tivesse jogando. Acho que não.
Hino da Alemanha antes do jogo começar
Pintada pelos alemães
Pintada pelos espanhóis

domingo, 29 de junho de 2008

Um pouco mais da região

Nesta semana estudei muito para uma prova de políticas públicas. Ao sair da prova na sexta, cansada e com uma dúzia de teorias na cabeça, fui almoçar na Mensa, nosso restaurante do estudante. E lá, o primeiro sinal de que o fim-de-semana seria auspicioso!

Fui pesar o meu prato e descobri que não tinha dinheiro suficiente no meu cartão da universidade para pagar o almoço. Então já perguntei para a senhora que fica no caixa onde podia deixar meu prato enquanto fosse colocar mais dinheiro no meu cartão. Ela respondeu: "Espera um momento." Tomou meu garfo, pegou um champignon do meu prato e me devolveu o garfo com o champignon. Eu fiquei olhando sem entender nada com garfo na mão. Então ela falou: "Agora sim dá. Era só 5 centavos de diferença". Ou seja, eu tinha 2,95 euros no saldo do meu cartão e o prato pesou 3 euros. Ela tirou o champignon e o saldo foi suficiente. Eu fiquei impressionada. A menina que vinha atrás de mim na fila riu. Eu comi o champignon e agradeci. Pois é... desta vez mudei minha impressão sobre a flexibilidade alemã. Depois mais tarde contei a história para o Peter, meu colega alemão. Ele disse que é verdade mas não é realmente tão comum.
Como falei, tratei a situação como um sinal do bom fim-de-semana que começaria. E realmente depois não parei mais. Eu e alguns colegas fomos a um biergarten tomar cerveja com um palestrante da Unesco que tivemos essa semana e que foi antes aluno de doutorado aqui na universidade. Depois passamos pela festa do vinho que está tendo no centro da cidade e por último fui com outros amigos a um concerto de jazz no pátio de um museu.
No sábado de manha, eu, Leo e Rafael (minha colega portuguesa e meu veterano de curso, brasileiro) fomos explorar um pouco da região de Freiburg. Com nosso ticket do semestre para o transporte municipal de Freiburg podemos também viajar de trem sem custos extras para algumas cidades da região. Resolvemos então passear pela pequena (7.500 habitantes) e bonitinha Staufen.
Situada na fronteira entre a floresta negra e o plateau do Rio Reno, Staufen ainda não tem a paisagem típica da floresta negra, mas sim as plantacoes de uva, típicas do Rio Reno. E bom para a gente que pode saborear o vinho fresquinho num dia quente e passear pelas ruazinhas da cidade. Queríamos ter ido às ruínas de um castelo que funciona com uma moldura para a cidade, no topo de um morro. Mas acabamos deixando para a próxima vez. O sol estava muito quente e queríamos voltar cedo para Freiburg para ver uma apresentação de fado de uma amiga da Leo. Enfim foi ótimo para descansar. Comemos também Flammkuchen, uma espécie de pizza original da região da Alsácia e desta região da Alemanha e conversamos com o garcom que já nos deu dicas de outros lugares para conhecer na região.
Eu adoro o verão. As pessoas literalmente ficam mais alegres e receptivas e dá muito mais vontade de viajar e explorar este cantinho da Alemanha. Na volta à Freiburg, fomos ao festival de verão onde tinha comida e música de outros países (comemos comida do Sri Lanka) e depois mais um pouco de Wein Fest (festa do vinho) em Freiburg. Estou recarregada para mais uma semana e um novo módulo. E também hoje para ver a final da Eurocopa entre Alemanha e Espanha!

Rathaus (prefeitura) de Staufen
Ruínas do castelo

domingo, 22 de junho de 2008

Le savoir-vivre

Aproveitei que a previsão era de sol e temperaturas até 30 graus neste fim-de-semana para "dar um pulo" na Franca. Dois trens regionais e depois de 1h30min, estava em Strasbourg. A cidade onde fica o Parlamento Europeu, que abriga também 48 mil estudantes e guarda no seu centro histórico casinhas típicas da região da Alsácia (Petit France).

Os cafés franceses estão por todo lado assim como os canais que cortam a cidade. As bicicletas, como em Freiburg, também. Queria ter feito um passeio de barco pelos canais (um city tour) mas o dia estava tão quente que só de olhar a fila desisti e resolvi ficar passeando a pé mesmo.
E foi muito bom, assim como entrar na FNAC e ter um momento nostalgia das minhas tardes de domingo em São Paulo, descansando na FNAC ou na Cultura. Também descobri que nas lojas as atendentes na maioria não falam inglês (pelo menos com as quais falei), mas falam alemão! Sim, como Strasbourg fica há menos de meia hora da fronteira com a Alemanha, muita gente entende e consegue falar alemão. Aliás levei um susto quando entrei nas lojas e as pessoas diziam "Bonjour!" sorriam e perguntavam se podiam ajudar. Minha experiência em Freiburg nas lojas tem sido na maior parte das vezes lidar com pessoas mais sisudas.

Enfim, foi um passeio legal para ver um pouco do dito savoir-vivre francês. De coisas tristes mesmo, só perceber que com um ano de francês que estudei, apesar de não conseguir falar nada, pude entender muito mais do que estava escrito nas vitrines, placas e etc do que às vezes posso na Alemanha. Gostei bastante da cidade, mas também foi bom voltar para a mais sossegada Freiburg no final do dia e sair do meio de tantos turistas.
Por último, me deu mais esperanças em ver os comentários de vocês sobre agricultura/jardinagem urbana no Brasil. Quem sabe a moda pega!

Petit France


Meio-dia em Strasbourg

domingo, 15 de junho de 2008

Pequenos jardins

Acabo de ler um texto no meu livro de alemão sobre os pequenos jardins (Kleingärten) na Alemanha. Um movimento iniciado na segunda metade do século de XIX por um médico de Leipzig para trazer mais verde para a vida das pessoas, que passavam a viver em pequenos apartamentos e não tinham mais o benefício de cultivar o verde em suas vidas.
Os pequenos jardins espalharam-se e hoje são mais de 4 milhões. Os pequenos jardins pode ser na própria cidade (foto abaixo) ou um pouco mais longe. Também vi pequenos jardins na Holanda e parece que na Áustria também é um hábito.
Em alguns metros quadrados se cultiva verduras, legumes e frutas. Algumas vezes há também uma pequena casinha de verão ou apenas uma cobertura para guardar as ferramentas.
Normalmente vemos as cadeiras para tomar sol também. Como o texto fala os pequenos jardins hoje cumprem papel importante em ajudar a regular o clima das cidades e abrigar animais e plantas. Para minha surpresa, o jardim que fotografei ontem tinha ovelhas.
Fico imaginando como um movimento como esse faria bem às cidades brasileiras, promovendo o contato das pessoas com a natureza e também o hábito de conviver com vizinhos de jardim. Quem sabe algum dia essa idéia também chega aí! Já imaginaram São Paulo com pequenos jardins?
Pequenos jardins perto do centro de Freiburg

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Mais um módulo!

Para quem acompanhou o meu "estado crítico" nas últimas duas semanas, estudando para o módulo de economia, instituicoes e meio ambiente fiz hoje a prova! E acho que consegui passar sem tantos problemas. Valeu a pena quase ter arrancado os cabelos para entender como economia vê o meio ambiente. O módulo termina, mas o meu interesse no assunto continua ou cresce. Mas por agora preciso de um fim-de-semana de descanso.

Só para voces terem uma idéia de como o estudo afetou o meu cérebro nos últimos dias encontrei dificuldades para articular frases em português. Parece que queria dizer algo mas não saía exatamente aquilo. No inglês, parece que esqueci do spelling de tudo, as palavras pareciam super estranhas e no alemão, bem no alemão a mesma dificuldade de sempre, hehehe.

Lá vou eu! Se fizer bom tempo amanha, talvez finalmente visite Basel (1h de Freiburg) onde inicia a Eurocopa amanha. Os ingressos são caros, difíceis de conseguir e provavelmente já esgotados, mas seria legal conhecer a cidade em clima de festa.

terça-feira, 3 de junho de 2008

A caminho do verao!

Pelas notícias de todos, parece que as temperaturas despencaram no Brasil nos últimos dias. Por aqui ao contrário, finalmente o tempo resolveu firmar. Temos algumas chuvinhas de verão no fim da tarde, mas no geral o tempo tem permitido usar saia e havaianas para ir à faculdade. Parece um sonho. Agora entendo bem porque os europeus valorizam tanto a primavera e o verão. Depois de um inverno pesado a imagem de que dias melhores virao é quase um alento.

Fora o tempo, também me encanta ver rosas por toda a parte. Vermelhas, rosas, brancas elas deixam Freiburg exuberante nesta estacao. Lembra um pouco da minha infância no sul. E lá vão mais hábitos alemães de cultivo de flores, como também o de preparar geléias que já mencionei aqui, presentes em nossa cultura gaúcha.

Para finalizar o capítulo COP-9, o que consegui acompanhar essa semana por jornais e amigos ainda lá foi o seguinte:
1. ONGs e comunidades locais saíram descontentes com os passos de tartaruga da convenção, enquanto a perda da biodiversidade galopa.
2. O ministro do meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, foi considerado um bom chair. Manteve posicoes importantes nos últimos dias, tirando vários parênteses dos textos e exigindo boas argumentacoes.
3. Em tempo com meus estudos de economia, um relatório sobre valor da perda da biodiversidade foi lançado na COP-9. Coordenado pelo economista Pavan Sukhdev, o relatório é uma tentativa de quantificar monetariamente a perda da biodiversidade. Podemos falar mais sobre isso em um próximo post se vocês tiverem interesse. Não há consenso entre pesquisadores em relação a atribuir valor economico a bens intangíveis, pelas limitacoes do método. De qualquer forma, segue o link para a página de download estudo do estudo, que estou curiosa para ler: http://www.ufz.de/index.php?en=16828
4. Excursão: no meu último dia na COP-9, fizemos (a delegação do IFSA - International Forest Students Association - a qual eu integrei) uma excursão oferecida pelo Conselho de Florestas Alemão. Fizemos passeio de barco pelo Rio Reno. Conhecemos uma de floresta daquela região, aprendendo um pouco mais sobre como é feito hoje o manejo das florestas alemãs. E por último fizemos passeio e tivemos um jantar em um dos castelos que compõem o patrimonio histórico da Unesco ao longo do vale. O dia está ensolarado e tivemos a oportunidade de conversar com diferentes pessoas participando da COP-9. Valeu a pena depois pegar o trem de madrugada de volta para Freiburg e ir quase direto para a aula no dia seguinte. Seguem abaixo algumas fotos da excursão.


Delegacao IFSA e o Rio Reno


Castelo


Jantar medieval

terça-feira, 27 de maio de 2008

O Paquistao visto por um brasileiro

Para quem tem interesse em conhecer um pouco mais sobre a história e a vida hoje no Paquistao fica a sugestao da leitura do blog do Fernando Scheller, que está viajando pelo país e mostrando um pouco para nós daquela realidade:
http://colunas.g1.com.br/redacao/category/g1-no-paquistao/

Ler um dos primeiros posts - sobre a falta de luz - me fez pensar que muitos proponentes de solucao para países em desenvolvimento deveriam ter leituras/experiências como estas para poder entender o que faz ou nao sentido na realidade local. Reflexoes da volta da COP-9...

sábado, 24 de maio de 2008

Da COP-9

Ola pessoal, desde terca-feira estou aqui em Bonn participando da COP-9. Convencao da ONU sobre biodiversidade. Na proxima semana, escrevo um relato mais detalhado sobre as minhas percepcoes. Infelizmente preciso voltar para as minhas aulas ja nesta segunda e nao poderei ficar para ver o desfecho das decisoes nos ultimos dias.

Das primeiras impressoes:

1. Midia brasileira pelo que pude ver acompanhando rapidamente os principais jornais brasileiros pela internet nao esta dando destaque ao que esta acontecendo aqui.

2. O valor economico da biodiversidade tem sido muito debatido nos eventos paralelos, mas falta visao critica de como mudar os mercados (posts anteriores) de fato e quais pressupostos devem ser questionados.

3. Ha a participacao das comunidades locais e indigenas. Elas estao presentes, mas obviamente as relacoes de poderes (nas discussoes) sao desiguais e precisam ser consideradas. Continuamos muito proximos ainda da situacao de criar solucoes sem consultar quem realmente interessa.

4. Repercussao do que esta acontecendo no Brasil. Reges, tentando responder sua pergunta sobre a Marina, coloco o link para uma materia que saiu na quinta no The Guardian e que ainda nao tive tempo de ler. De qualquer forma tive a chance de conversar com algumas pessoas do Greenpeace que trabalham na Amazonia e ter uma visao mais apurada de todos os fatos que levaram a saida e tambem a repercussao dessa saida no Brasil. Segue o link para materia: http://www.guardian.co.uk/environment/2008/may/22/forests.conservation

Para quem quiser acompanhar o que esta acontecendo na conferencia, segue o site oficial tambem da COP-9: http://www.cbd.int/cop9/

domingo, 18 de maio de 2008

Ensolarada Holanda

Como prometido segue o terceiro e último capítulo da série "Para fazer longas histórias curtas" com a minha encantadora impressão da Holanda.

Visitei Amsterdam há 7 anos quando fiz meu backpack pela Europa. Era novembro (outono) e mesmo assim a cidade já tinha me deixado uma boa impressão. Naquela época fiz o programa turístico. Fiquei num hostel no centro de Amsterdam, visitei o museu da Anne Frank, do Van Gogh, mercado de flores e fiz passeio de barco.
Dessa vez tive a oportunidade conhecer o outro lado menos turístico da Holanda. De acordo com o Lonely Planet, por exemplo, apenas 5% da população fuma maconha. Os famosos coffee shops e o red light district no centro de Amsterdam são quase coisas para gringo ver. Não fazem parte do dia-a-dia holandês. Aliás, pelo que meus amigos me falaram os holandeses praticamente não vão centro de Amsterdam pois acham o local meio sujo e com turistas e gente maluca demais. Preferem então viajar meia hora e fazer compra nas mesmas lojas, mas em outras cidades.
Fui visitar lá um casal de amigos de São Paulo, que já vivem há dois anos em Amsterdam: a Dani e o Ricardo. Consegui encontrar ainda a Ju, que estava de passagem para uma conferencia do Global Reporting Iniative. Foi simplesmente muito gostoso. Consegui descansar muito. Fomos ao parque, passeamos de bicicleta, viajamos para Haia, onde fica a corte internacional de justiça da ONU e também a praia. E ainda segui para Delft (famosa pelas porcelanas e para universidade) e Leiden (cidade universitária) na terça-feira por indicação da Dani e do Ricardo
Como eles disseram tive uma impressão extremamente positiva e incorreta sobre o clima na Holanda. O tempo este ensolarado e quente todos os dias, algo incomum para uma cidade que se parece com Londres no que diz respeito ao clima. Minha impressão dos holandeses também não poderia ser melhor. Educados e dispostos a ajudar. Sobre a língua, impossível compreender o que é falado, mas dá para entender alguma coisa escrita, pois o holandês fica no meio do caminho entre o alemão e o inglês.
Enfim, voltei para a Freiburg recarregada de boas energias depois do feriado de Pentecostes em Amsterdam, sendo gentilmente acolhida por amigos tão queridos. Seguem as fotos, senão sigo escrevendo, e acabo tornando essa história mais longa do que deveria. Duas observacoes finais: os holandeses são o povo mais alto da Europa (altura média masculina: 1,86m, o que me leva a crer que também são os mais altos do mundo hehehe. E sobre a praia, significa areia e ver o mar. Nem pensar em entrar na água congelante. Só para os poucos holandeses mais corajosos.


Praia em Haia


Praia em Haia 2

Corte Internacional de Justica da ONU


Delft

Leiden

sábado, 17 de maio de 2008

Castelo da Cinderela

Continuando a série "Para fazer longas histórias curtas"... aqui segue o segundo capítulo. Depois da visita do Ronaldo, viajei no sábado, dia 03 de maio com o Ricardo e o Rafael, dois veteranos brasileiros do curso para Füssen, onde fica o Castelo que inspirou o Castelo da Cinderela - o Neuschwanstein.

O plano era sair no sábado de manha, visitar os castelos no sábado, dormir na cidade e no domingo passear pelas montanhas ao redor. A viagem se tornou uma aventura ou a situação escalou como diríamos aqui na minha casa ("Die Situation eskaliert"). Vamos enumerar então os fatos.

1. Cheguei 30 segundos antes do trem partir. O horário tinha mudado para mais cedo.
2. Subimos para ver os castelos. Na volta perdemos o penúltimo ônibus. Descemos a pé 6 km até a cidade.
3. Füssen 22h: todos os restaurantes de comida típica Bavária fechando. Por sorte conseguimos ainda um restaurante asiático, onde comemos muito bem.

Escalacao
4. 23h20min. Descobrimos no hostel que não havia lugar para dormir. Um grupo de turistas italianos ocupou 80% da acomodacao disponível na cidade de 16 mil habitantes. O último trem para Munique tinha sido às 23h e com exceção de um grande hotel, todas as pousadas fecham na cidade às 22h para evitar turistas que chegavam tarde e saíam no outro dia cedo sem pagar.
5. Sem teto para dormir fomos parar num pub.
6. A menina que atendia no pub super boa gente tentou encontrar quartos para nós. Mas tudo excedia nosso orcamento de estudante.
7. A menina do bar chega com boas notícias: um amigo havia oferecido o sofá da sala da casa dele para a gente dormir.
8. Fomos com o amigo para um outro pub, bem underground com gente um pouco esquisita.
9. Os pubs na cidade são obrigados a fechar as 2h da manha.

Madrugada em Füssen
10. Passada das 2h o pub já fechado e nós lá dentro com os amigos do dono do sofá, um punk quebra uma garrafa na porta.
11. Nós exaustos - ainda em dúvida sobre a estacao e o sofá, optamos pelo sofá para evitar os punks.
12. Dormimos no sofá por 1h30min com dois gatos nos fazendo companhia e os pêlos deles também.
13. 6h da manha: café, um bretzel saboroso e o trem na estacao para voltar à Freiburg.
14. Já perto de Freiburg (5h de viagem) uma senhora de idade senta do meu lado no trem e resolve me contar o signo chinês de todas as personalidades. Do Papa à Nicole Kidman. Achei que essas coisas só aconteciam no Brasil.
15. Chegamos em Freiburg, tomamos um sorvete e cada um foi para casa dormir.
16. Saldo de sono do fim de semana até domingo às 15h - 3h de sono. Havia ido para a balada na sexta com o Ronaldo e só tinha dormido 1h30min.

Resumindo
A arquitetura do castelo é imponente. A companhia de viagem foi excelente. Com todos os imprevistos não tivemos um momento de stress. Caminhamos muito. Apreciamos a paisagem e, sobretudo, aprendemos que Freiburg não tem nada a ver com o interior da Alemanha. Tudo fecha cedo e se não quisermos ficar sem cama da próxima vez, vamos ter que fazer reserva hehehe. Enfim, valeu a pena! Viagem e um pouco de aventura nunca são demais!


Nós bebendo cerveja na viagem de ida


Vista da janela do castelo da Cinderela

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Para fazer longas histórias curtas

Estava preparando um post detalhado sobre as minhas mais recentes aventuras nas terras germânicas, mas aí o sol ficou mais forte, a temperatura aumentou e não sobrou mais muito tempo para escrever. Acho que nem vocês teriam tempo para ler tanta história. Então vou resumir em 3 posts os últimos acontecimentos.

O primeiro post trata da minha primeira visita brasileira em Freiburg. No feriado do dia do trabalho, Ronaldinho (gaúcho, mas colorado) veio me visitar. Meu amigo mais antigo. Desde os 8 anos. Dos tempos de Camobi. Vizinho na rua Nery Kurtz. Companheiro para as primeiras notas baixas em Matemática na 7a série ou para uma pizza com vinho em Sampa. Se deixá-lo falar, ele vai sempre lembrar (como fez em Freiburg novamente) que queimei pipoca duas vezes: uma na praia em Capão Novo aos 14 anos e outra sei lá onde mais.
No dia 1 de Maio ensolarado, subimos o Schlossberg que tem uma vista muito bonita aqui de Freiburg .No dia seguinte fizemos piquenique no Titisee - um lago legal aqui perto de Freiburg (fotos do Titisee num dos meus primeiros posts do Blog).


quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dialog Museum

E se de repente o mundo ao seu redor escurecesse e tudo passasse a ser percebido apenas pelos sons e texturas. Essa é a experiência proposta pelo museu Dialog im Dunkeln (Diálogo no Escuro), criado pelo empreendedor social Andreas Heinecke.
Durante 1 hora, 8 visitantes abandonam a luz, e com a posse de uma bengala-guia e as orientacoes orais de um instrutor (guia do museu) entram em um mundo onde a ausência da visão realça os outros sentidos.

Começamos ainda inseguros pelo primeiro ambiente. Agua corrente, sons de pássaros, piso macio que varia entre pedra e terra nos lembram uma floresta. Até mesmo a umidade pode ser percebida. Em seguida avançamos por outras salas que nos levam à feira, à sala de música onde nos deitamos no chão para sentir todas as vibracoes e também ao centro de uma cidade onde tentamos distinguir o barulho do sinal para atravessar à rua de todos os outros ruídos. E nunca percebemos que se fechássemos os olhos na Av. Paulista teríamos a sensação de não conseguir suportar a confusão. Saídos de tantas salas com sensacoes diferentes, chegamos por último ao bar escuro. Lá o garcom nos atende atrás do bar seguido por nossas vozes. Fazemos os pedidos. Peco a minha água mineral e descubro (pelo tamanho menor) que peguei a moeda de € 1 em vez da de € 2 também solta no bolso da calca.

Sentamos todos os 8 visitantes ao redor de uma mesa no bar e conversamos um pouco com nosso guia enquanto tomamos cerveja, café ou água no escuro. Nunca tinha percebido que até ouvir um menu falado exige mais atenção do que ler um menu escrito. Na conversa nosso guia - Roberto - nos conta que já morou em diversas cidades do mundo como cozinheiro, sua formação. Agora está de volta à Frankfurt, sua cidade natal, onde já trabalha há 1 ano e meio no museu. Todos os guias do museu são cegos. Prestamos atenção no que ele conta. O passeio guiado começou em inglês, mas aos poucos fomos trocando para o alemão. Na conversa percebi como é difícil tentar falar em uma língua estrangeira sem ter a ajuda da linguagem corporal para expressar o que se pensa.

Mas a revelação mais importante para mim foi notar como a ausência da visão, exige dos outros sentidos. De repente estamos mais atentos aos outros, a nós mesmos, ao nosso redor. Toda informação parece indispensável. Como falou minha colega Latika, da Índia, até mesmo o nosso diálogo parece mais consciente. Esperamos cada um terminar de falar para depois o outro começar. Educamos o sentidos. Ao sair do museu com meus colegas, lembrei muito do documentário Janela da Alma, um filme brasileiro de uma sensibilidade fantástica que mostra a visão do mundo das pessoas que não enxergam ou enxergam muito pouco e que muitas vezes percebem muito mais a realidade do que nós aparentemente dotados de visão.

Andreas, o fundador do museu, é fellow da Ashoka em Frankfurt e o Diálogo no Escuro já existe hoje em diversos países. No Brasil fica em Campinas. Uma lição prática e tanto para a nossa semana sobre empreendedorismo social.